Feira das Yabás agita o Centro de Maricá no Dia da Consciência Negra

Evento teve roda de samba, gastronomia típica, homenagens e manifestações culturais afro-brasileiras

sexta-feira, 21 novembro 2025

Foto: Adriano Marçal

A Prefeitura de Maricá, por meio da Maricá, Arte, Roteiro e Experiência (MARÉ), promoveu no Centro uma edição especial da tradicional Feira das Yabás, em celebração ao Dia da Consciência Negra. A programação especial levou ao público atividades marcadas por samba, gastronomia e manifestações culturais afro-brasileiras.

A proposta foi preservar a essência da feira carioca criada em Madureira, reunindo culinária de matriz africana, música e encontros comunitários, agora adaptados ao cenário maricaense. O evento aconteceu no trecho da Rua Alferes Gomes entre as ruas Domício da Gama e Nossa Senhora do Amparo, com o palco montado em frente ao Cine Henfil.

“Em Maricá corre a cultura negra e não vamos largar mais a Feira das Yabás. Estamos incorporando também as Yabás da nossa cidade. É um projeto que veio para ficar. A primeira edição de muitas”, comentou o prefeito Washington Quaquá.

O ponto alto do evento foi a roda de samba comandada pelo idealizador da feira original em Madureira, Marquinhos de Oswaldo Cruz. A apresentação contou com as Velhas Guardas da Portela e do Império Serrano, além das baterias da Portela e da União de Maricá, que dividiram o palco em celebrações que ressaltaram os laços históricos entre o samba, a resistência negra e a memória cultural do país.

Gastronomia típica

Ao longo da feira, barracas com pratos tradicionais das Yabás deixaram os visitantes com água na boca. Era possível encontrar feijoada, carré, frango com quiabo, rabada com agrião, entre várias outras opções da culinária popular afro-brasileira.

Presidente da Maré, Antonio Grassi comentou sobre a incorporação das Yabás maricaenses na feira após o idealizador, Marquinhos de Oswaldo Cruz, revelar que ideia de realizar a feira em Maricá sempre existiu.

“Em Maricá, existe uma culinária local, como a moqueca com pirão de banana que precisa ser valorizada. Esta é uma edição inicial, um projeto-piloto, com o objetivo de promover não apenas figuras de destaque de Oswaldo Cruz, mas principalmente artistas e produtores locais”, revelou Grassi.

Admiradora da cidade, Ana Regina de Oliveira participa das feiras em Madureira e trouxe a receita do tradicional frango com quiabo. “Esta feira representa ancestralidade. Cada participante carrega uma história que se manifesta em cada prato. Tenho o prazer de cozinhar e receber pessoas. Isso me remete às tradições familiares”, contou.

O amor familiar pela culinária tradicional também é destacado por Gladstone Nascimento Cruz. Sobrinho da Tia Vicentina, da tradicional ‘Feijoada da Portela’, Tuninho (como prefere ser chamado) assumiu a responsabilidade da barraca de feijoada após o falecimento da mãe, Marlene, e segue com o mesmo amor em cada prato.

“Essa feijoada é uma tradição da minha família há décadas. Começou com a minha tia, passou para a minha mãe e hoje está comigo. Mesmo depois que ela partiu, eu nunca deixei a tradição morrer. Faço questão de estar em todas as edições da feira, porque aqui a gente serve história, memória e amor”, disse.

A professora Márcia Souza saiu de Itaipuaçu para prestigiar o evento. Para ela, “é uma forma de valorizar a cultura e a história, principalmente considerando que a maior parte da população é negra e ainda é tratada como minoria”, acredita.

A programação se estendeu até o início da noite, com homenagens e intervenções culturais que destacaram o legado afro-brasileiro e reforçaram a importância da data.

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