A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Direitos Humanos, promoveu um seminário para debater a “Violência Social e a Saúde Mental”. O evento reuniu pesquisadores do tema na casa sede do Programa Marielle Franco, no Eldorado, que abordaram o impacto causado pelas desigualdades de raça, classe e gênero.
“Nós vivemos uma pandemia de doenças mentais no mundo, com burnout, depressão, ansiedade… Um programa de formação em direitos humanos não tem como deixar de olhar para essa realidade. Assim como essas doenças não podem ser abordadas apenas isoladamente, como se fossem questões individuais. É isso que estamos discutindo aqui”, apresentou Manuel Gandara, diretor do Instituto Joaquín Herrera Flores, que implementa o Programa Marielle Franco.
Foram convidados para debater o tema o juiz de direito do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Rubens Casara; o enfermeiro pós-graduado em Saúde Mental e Atenção Psicossocial e Sociologia Urbana, Pedro Vidal Griot; e a psicóloga pós-graduanda em Psicologia Clínica Fenomenológica-Existencial e psicóloga da Casa da Mulher de Maricá, Kamila Marcílio.
“A saúde mental da população é grandemente afetada pelo neoliberalismo que nos coloca em constante competição uns com os outros. Então em vez de nos ajudarmos, estamos sempre preocupados em derrotar o outro. É o que prega a meritocracia. E isso é uma construção. Quando eu era criança, ser egocêntrico era algo ruim. Hoje, numa sociedade onde você cria as empresas de si mesmo e o seu sucesso passa a ser derrotar o outro, ser egocêntrico já não é algo ruim. Isso é sintomático. A saúde mental é prejudicada com essa necessidade constante de produzir mais que outro”, iniciou Rubens Casara.
Pedro Vidal Griot chamou a atenção, ainda, para a importância do recorte racial em todo este contexto.
“Sabemos que estamos numa situação de emergência de saúde mental e, dentro disso, quem é o público mais afetado? Os que sempre foram deixados à margem. E não é simples como preto e branco. O Brasil tem uma complexidade étnica imensa. Quando as notificações de saúde mental começaram a receber dados de cor, foi alarmante o que se viu com a população preta e parda sendo a mais afetada por esse sistema”, disse Griot.
Kamila introduziu o aspecto que faltava ao colocar a mulher no tema, lembrando que as mulheres já são atravessadas por muitos tipos de violência.
“A saúde mental da mulher é afetada, por tudo isso que vem sendo falado aqui, mas também por uma série de violência. Foco aqui na violência doméstica, mas não é a única. Tudo isso influencia na forma dessa mulher se olhar, na forma dessa mulher se colocar no mundo. Pensando no contexto de Maricá, sabemos que é uma cidade que conta com uma série de equipamentos, como a Casa da Mulher, que vão trabalhar nesse acolhimento multidisciplinar que vai fortalecer e reinserir essa mulher em ambientes que talvez quando ela se encontrava vítima ela não conseguia se inserir”, explicou a psicóloga Kamila.
O Programa Marielle Franco tem cursos específicos para servidores públicos e membros de organizações sociais, além de oferecer palestras como esta, abertas a toda a população maricaense. Para participar basta ficar atento ao site da Prefeitura de Maricá e às redes sociais da prefeitura e também da Secretaria de Direitos Humanos: @smdhmaricarj .




