Pesquisadores internacionais visitam Maricá para conhecer políticas voltadas para economia solidária e geração de renda

Cientistas da Inglaterra e de universidades da América Latina viram de perto como funcionam ações que tornaram o município referência internacional em políticas sociais

quarta-feira, 30 abril 2025

Foto: Pedro Vinícius

A Prefeitura de Maricá recebeu nesta quarta-feira (30/04) a visita de pesquisadores britânicos que integram a Rede Mundial de Renda Básica (Basic Income Earth Network – BIEN). O encontro faz parte da preparação para o 24º Congresso da Rede, que será realizado na cidade entre os dias 25 e 29 de agosto de 2025.

Durante a visita, foram discutidos dois temas centrais: o desenvolvimento das políticas públicas de Maricá no campo da economia solidária e os preparativos para o congresso mundial que reunirá participantes de mais de 40 países. Os pesquisadores, entre eles os professores Lindsay Stirton (Universidade de Accent) e Jurgen De Wispelaere (Universidade de Bath), estão realizando uma pesquisa em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF) sobre a implementação do programa de Renda Básica de Cidadania (RBC) em Maricá.

O grupo conheceu de perto as ações que tornaram Maricá referência internacional em políticas sociais, incluindo visitas ao Banco Mumbuca, à Secretaria de Economia Solidária e Empreendedorismo Social e a outros espaços que fortalecem a rede de economia solidária local. A cidade vem sendo reconhecida internacionalmente por suas iniciativas inovadoras na promoção da justiça econômica e da inclusão cidadã.

“Essa visita reforça o reconhecimento internacional do que estamos construindo em Maricá. A cidade é hoje um laboratório vivo de políticas públicas transformadoras”, afirmou o subsecretário de Economia Solidária, Adalton Mendonça. “O interesse de instituições acadêmicas globais mostra que estamos no caminho certo ao apostar na economia solidária como instrumento de desenvolvimento e justiça social”, completou.”

Thomás Paes Coelho, estudante de mestrado em Economia na UFRJ, explicou que a ideia do projeto é aplicar uma estrutura analítica criada há cerca de 20 anos para estudar programas de transferência de renda, utilizando Maricá como estudo de caso. Segundo ele, trata-se de criar uma história da moeda Mumbuca desde sua criação, com base científica. “Queremos mostrar suas dificuldades, seus sucessos e o caminho percorrido até aqui”, resumiu.

Thomás também explicou por que sugeriu Maricá como objeto de estudo. Entre os fatores, citou a longevidade da moeda social, o uso dos royalties do petróleo e a atuação de figuras como Eduardo Suplicy. “Não há muitas experiências de renda básica no mundo, especialmente com a escala de Maricá, que atende cerca de 90 mil pessoas. O projeto chamou a atenção dos pesquisadores por sua continuidade e estrutura. A Mumbuca existe há 12 anos, o que é raro em iniciativas desse tipo. Maricá se apresentou como o estudo de caso ideal para a estrutura analítica criada há duas décadas”, explicou.

O pesquisador Jurgen De Wispelaere, referência internacional em renda básica há quase 30 anos, destacou que o que diferencia Maricá é o fato de que a política pública ter sido realmente implementada. “Na maioria dos países, o que existe são pequenos pilotos. Aqui, foi para milhares de pessoas desde o início. Além disso, o aspecto político por trás da implementação também nos interessa muito”, comentou.

Já o professor de Direito da Universidade de Sussex, Lindsay Stirton, enfatizou o caráter prático da experiência maricaense. “Nos anos 2000, falávamos de renda básica como ideia. Agora vejo em Maricá a realização prática do que estudávamos há 20 anos. É um programa concreto que envolve pessoas, instituições e políticas públicas para transformar vidas”, disse.

A presidente do Banco Mumbuca, Manuela Mello, disse que a vinda de novos pesquisadores para continuar os estudos da moeda mumbuca, iniciados em 2019 pelo professor de economia Fábio Waltenberg, reforça o legado do programa de transferência de renda que leva dignidade a milhares de pessoas em Maricá.

“O Bolsa Família foi pioneiro e a Mumbuca tem a sua importância porque estamos falando de uma renda básica de cidadania, um programa que paga em moeda social por meio de um banco comunitário. Então, isso instiga muita gente a querer saber mais. Com isso, também tem bons exemplos no Brasil e no mundo a partir do que fazemos aqui”, disse.

A reunião também contou com a presença da secretária de Comunicação, Danielle Ferreira de Oliveira; do secretário de Economia Solidária e Empreendedorismo Social, Matheus Gaúcho; do subsecretário de Economia Solidária e Empreendedorismo Local, Adalton Mendonça; e do secretário executivo de Gestão de Governo, Arlen Pereira.

A presença dos acadêmicos reforça o protagonismo de Maricá no cenário internacional e destaca a cidade como um polo de experimentação de políticas públicas transformadoras.

 

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